February 10, 2016
por Maria Teresa Eutrópio
Há alguns anos, dando supervisão para um aluno do curso de Terapia Breve, observei o quanto ele estava ansioso para que as mudanças de seu cliente ocorressem. A todo instante me dizia: “Mas, já temos 8 sessões!” E eu lhe respondia: “Calma, só temos 8 sessões”. E ele: “Mas o combinado são 16 sessões, neste ritmo a terapia não vai ser breve nunca!”.
Neste instante, percebi que ele, como muitas pessoas, confundia brevidade com pressa. Disse-lhe então: “A Terapia que fazemos é breve, mas nunca apressada”. Depois disto parece que algo mágico lhe ocorreu e ele respirou aliviado.
Considero que em tempos de fast food até seja natural que as pessoas associem a terapia breve a algo rápido ou apressado. No entanto, o número de sessões na psicoterapia breve não é o fator principal. Podemos negociar 10 sessões com um cliente e nem por isso realizar uma terapia breve. Ser breve significa ter objetividade, foco, respeitando a subjetividade e ritmo de mudança de cada pessoa. A terapia é breve por trabalhar com intervenções que levam os indivíduos a um processo de reflexão e mudança de comportamento em um espaço curto de tempo. É breve porque ao acionar recursos e pontos de saúde do cliente, automaticamente as mudanças começam a acontecer em um efeito cascata.
Certa vez, perguntaram a um piloto de corridas, (cujo nome não me recordo) qual manobra ele não poderia executar ao fazer uma curva a 220 km/h. Ele respondeu: “A única coisa que não posso é ter pressa.” O mesmo ocorre na terapia. O terapeuta pode ser perspicaz, rápido e hábil em suas intervenções, mas, se apressar-se, provavelmente deixará de caminhar junto com seu cliente. Pode parecer paradoxal, mas embora a terapia breve tenha um tempo delimitado, ela não é limitada por este.
O tempo é um fator motivacional, que funciona como um marcador cerebral e não como uma camisa de força.
Assim, em terapia breve é preciso ter paciência e ao mesmo tempo perspicácia e precisão para realizar intervenções que possam produzir uma mudança de significado, de atitude, de ponto de vista e de comportamento dos clientes.
É preciso ter visão e ação estratégicas, pois a mudança de um ponto pode desencadear a mudança de outros.
É importante também, saber que nem todas as questões problemáticas podem ser resolvidas em um único processo terapêutico; por vezes pode ser necessário abrir-se um novo ciclo, de acordo com novas necessidades que surgem.
Sobre a autora:
Maria Teresa Soares Eutrópio é diretora do Abrangente, psicóloga e psicoterapeuta com formação em Psicoterapia Breve e Psicoterapia Familiar Sistêmica. Membro titular da AMITEF. Especialista em Psicologia Clínica pelo Conselho Federal de Psicologia. Mestra em Psicoterapia e Hipnose Ericksoniana. Autora do livro: ”Construindo Histórias Terapêuticas”.
CRP: 04/6156
2 Comments
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